Reproduzo hoje mais um trecho do livro Os Carbonários: memórias da guerrilha perdida de Alfredo Sirkis. Anteriormente publiquei o trecho em que Sirkis descrevia sua participação no sequestro do embaixador alemão. Este post é de um momento anterior quando ele ainda era um estudante secundarista. Ele conta com detalhes como eram os conflitos entre os estudantes que protestavam contra a ditadura e a polícia nas ruas do Rio de Janeiro.
Meados de outubro de 1968. Apesar de proibida de funcionar pela ditadura militar, que mandara incendiar sua sede no Rio de Janeiro, logo após o golpe de 1º. de abril de 1964, a União Nacional dos Estudantes(UNE) realiza o XXX Congresso num sítio do Bairro dos Alves, a uns vinte quilômetros do centro de Ibiúna pela estrada de São Sebastião.
O local é de difícil acesso. Juntamente com dois colegas, representando os universitários de Caxias do Sul, cheguei em São Paulo na manhã de terça-feira, viajei para o encontro marcado numa praça de Sorocaba, voltei para São Paulo, instalando-me num alojamento da USP, onde fiquei até a noite de quarta-feira, participando de reuniões e manifestações contra a ditadura, sob a constante ameaça da polícia e do exército, que depois acaba acontecendo.